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  • Foto do escritorColégio de S. Tomás

"Barões Assinalados": quem somos nós?


“Barões Assinalados” é um espetáculo de teatro, música e dança inspirado em acontecimentos da História de Portugal, e que parte d’”Os Lusíadas” e de alguma música portuguesa. Nele estiveram envolvidos dezenas de alunos de vários ciclos, professores, pais de alunos e funcionários do colégio. Foi um grande momento de beleza, que aconteceu no passado dia 18 de maio de 2021 e ao qual assistimos todos. Quisemos saber como foi que tudo aconteceu:


1. Porque decidiram fazer assim?

Decidimos fazer um trabalho extra aulas, que foi proposto a todo o colégio. Inscreviam-se e participavam apenas os alunos e os professores que quisessem. A ideia é não ser apenas um ano ou um ciclo envolvidos, não serem apenas os alunos, mas também os professores. Fazer alguma coisa em conjunto que nos permitisse perceber melhor quem somos e o que significa ser português e que, ao mesmo tempo, nos fizesse ganhar um maior entusiasmo pelas matérias que estudamos e pela vida. Faz sentido fazer um trabalho em que todos temos um papel fundamental, mas, ao mesmo tempo, ninguém é a estrela.


2. Qual a importância?

Percebemos que não podíamos dispensar este trabalho, ainda mais nos tempos difíceis que estamos a viver. De facto, hoje, mais do que nunca, a necessidade de beleza é urgente, bem como a necessidade de fazer algo grande e superior às nossas forças, como fizeram D. Afonso Henriques ou os navegadores portugueses. Se eles fizeram isso, naquele tempo, se uns já fizeram antes de nós, isso dá-nos uma certa audácia, um certo desejo de arriscar fazer algo grande e belo, tendo em conta o contexto em que vivemos e a tarefa que nos é confiada, que não é navegar no Oceano, embora às vezes apetecesse, mas sim a aventura do conhecimento, de descobrir alguma coisa para lá do nosso umbigo.


3. Porquê tantos alunos de tantos ciclos?

A ideia de povo: o colégio é um povo, é uma comunidade, não é um armário com gavetas fechadas e é esta complementaridade que faz respirar e crescer verdadeiramente, que dá entusiasmo. Os alunos mais novos sentem-se incentivados pelos alunos mais velhos, e os mais velhos também crescem ao estarem com os mais novos. Da mesma forma que fazer isto com professores de outras disciplinas e ciclos me ajuda a mim enquanto professora.


4. Porquê aquelas músicas?

Isto no fundo nasceu do encontro com as canções dos Madre Deus e dos Heróis do Mar; uma sintonia com a música e com as letras das canções que exprimem de forma extraordinária, não apenas o que significa ser Português, mas também o que significa ser Homem. A Música pode despertar em nós vários sentimentos, melhores ou piores. No caso destas canções, que foram apresentadas no espetáculo, a letra e a música fazem despertar o espírito de aventura, o desejo de arriscar viver com um ideal grande, que nós portugueses temos, mas que muitos vezes parece abafado. Tanto que me levaram a pensar na ligação com a grandiosa obra de Luís de Camões, Os Lusíadas. Ao ler Os Lusíadas durante o confinamento, principalmente o canto III, pensei que os meus alunos iriam perceber claramente a que acontecimentos se referiam as estrofes. Apesar de estarem só no 6º ano, iriam percebê-las melhor do que muitos adultos, pois as estrofes tinham a ver com a matéria que estávamos a dar. Fiz o teste nas aulas e confirmou-se: os alunos conseguiam identificar os acontecimentos, por exemplo, sabiam identificar as estrofes que falavam sobre a batalha do Salado, embora não percebes sem o significado de todas as palavras. Perceberam também que é giro dizer a nossa História em verso. Comecei a gravar-me no telemóvel a declamar as estrofes, enviava-as para a Inês Tomé (Professora de Português) e ela respondia-me de volta a declamar também. O entusiasmo foi crescendo.


5. Aquele espetáculo?

Quando estava a ler as estrofes de Os Lusíadas e ouvia as canções dos Heróis do Mar, começava a imaginar um povo a dançar e a junção entre a Música e o Camões parecia-me perfeita.



6. O que ganharam os miúdos? E o que tiramos daqui?

Penso que ganharam confiança, gosto pela arte e pela nossa História. Vale a pena fazer um trabalho continuado, se temos claro o objetivo. Mesmo quando parece que não está a correr como imaginamos. Muitas vezes os alunos tinham de decidir entre ir jogar para o campo ou ir aos ensaios; não foi fácil. Muitos alunos vieram prontamente ajudar nos intervalos do almoço a fazer escudos e espadas, para usarem no espetáculo, coordenados pelo António Ribeiro. Muitas vezes nos aconteceu, a nós professores, não sabermos bem como conduzir ensaios, qual seria a melhor maneira de encenar as estrofes; tivemos de rever a encenação muitas vezes. Para além disso, os ensaios da banda e da declamação eram desfasados, não se tinha logo a perceção do todo, sendo por vezes árido. Mas, nos últimos ensaios, já todos em conjunto, sobretudo no espetáculo final, quando todos puderam ver a junção das várias partes, os alunos estavam muito contentes, perceberam que tinha valido a pena “passar além do Bojador”, quiseram continuar a experiência e mais alunos se quiseram inscrever.


7. Como foi fazer um espetáculo tão complexo? Com que ajudas?

Não foi fácil, mas foi muito divertido fazê-lo. Começámos a preparar este espetáculo desde o final do ano passado. A Inês e eu lemos em conjunto Os Lusíadas, nas férias, e depois elaborei um guião que juntava as estrofes escolhidas, as falas de um coro, à moda da Tragédia grega, que ajudava à introdução das estrofes, e as letras das canções, juntamente com indicações de Cena. Pedi a umas amigas com formação em Dança, mães de alunos aqui do colégio, que nos ajudassem nas coreografias e elas entusiasmaram-se logo. Também a Inês Sampayo e Mello, Educadora do Pré-escolar, quis logo ajudar nos ensaios da dança, oferecendo-se também para fazer parte do espetáculo. O encenador Marcos Barbosa também nos ajudou a aprender a declamar as estrofes e na encenação das mesmas. Um grupo de alunos do 12.º ano que já tinham tocado na exposição Fernão de Magalhães: Um Herói do Mar ofereceram-se para aprender e tocar as canções, com a professora de Latim (Constança Duarte) na bateria. A professora Catarina Saraiva foi ensaiando a parte do coro com os alunos. Na última etapa dos ensaios da banda, tivemos a preciosa ajuda do músico José Blanco, que fez os arranjos e ajudou os músicos a ensaiar. A Rita, a Teresa e a Sandrine ajudaram-nos na parte logística, o António Ribeiro nos adereços, a professora Concha Reynolds de Sousa e a Luzia no guarda-roupa. A Professora Marta Moraes e a Maria Douwens, juntamente com algumas alunas do Liceu (Maria Pignatelli, Catarina Lobão, Teresa Neves) fizeram o cenário. O clube de Teatro, com o professor Bernardo Castro, também se juntou a nós. A Inês Tomé e eu íamos, nas aulas, convidando os alunos a inscreverem-se. Também fomos às turmas dos outros ciclos e às assembleias falar deste projeto. Fomos falando com o Bruno Silva, pedindo opiniões e ajuda na marcação dos ensaios, etc.. No início do ano, fizemos um espetáculo propaganda para incentivar os alunos a participar. O Professor de Latim, Marcos Helena, também se entusiasmou e quis participar. A professora Leila, de Matemática, quis declamar uma estrofe. Enfim, as ajudas foram aparecendo, os alunos e os professores foram aderindo e o Povo começou a formar-se. Quando o espetáculo se estava a aproximar, o Nuno e o Tiago Bianchi trataram do som. Mas só conseguimos juntar toda esta tropa e todas as partes do espetáculo na véspera, pois, para fazer um espetáculo de cerca de meia hora, foi preciso ensaiar muito por partes.


Ana Cortes (Prof. História do 2.º ciclo)

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