Durante esta Semana do Latim, não são só os professores que têm algo a dizer! Neste post, partilho uma excelente iniciativa de um aluno do 9.º para celebrar esta hebdomada latinitatis. O que vão ler prova como a Antiguidade nunca deixa de interpelar os mais jovens, por mais séculos que os separem dela. As grandes questões sobre o homem e a vida, tão presentes nos textos clássicos, continuam a encontrar um lugar de predileção nos corações dos nossos alunos!
O Bernardo Vieira de Matos (9.º C) oferece-nos esta reflexão sobre o estudo em aula do mito de Dédalo e Ícaro:
«O mito de Dédalo cativou-me especialmente, pois mostra o desejo dos clássicos de alcançarem o conhecimento. É como se agregassem todo o conhecimento que pretendiam obter e o acumulassem numa personagem fictícia a que dão o nome de Dédalo, envolvendo-o depois nesta tão grandiosa e complexa mitologia. Exemplo disto é o desejo que tinham de conseguir voar, atribuindo então a habilidade de conseguir construir asas a Dédalo, que as usa depois para sair do Labirinto, que ele mesmo construiu, demonstrando também as suas habilidades na arquitetura.
No entanto, e isto é o que me deslumbra mais, os clássicos não se esquecem de que ninguém é perfeito. Assim, criam esta personagem com grande conhecimento técnico, mas não se esquecem de lhe atribuir falhas; exemplo disso é a inveja que a todos cega, levando Dédalo a matar o seu sobrinho com inveja das suas habilidades, sendo depois castigado por isso (temos também a perceção de que o mal é sempre punido).
Esta ideia de que nada atinge a perfeição está também presente nos próprios deuses, que são criados à imagem do homem com todos os seus defeitos, como vimos no estudo da Ilíada. Este é um dos aspetos que mais me espantam não só neste mito, mas em toda a mitologia greco-romana.»
As mãos dizem tudo... Para cima? Para baixo?
Mais uma vez, conhece-te a ti mesmo!
Sem dúvida que o Bernardo tem razão ao referir a grande acuidade com que os Antigos reconheciam as grandezas e as limitações da natureza humana. Mas a história clássica também nos fornece abundantes exemplos de homens que quiseram ultrapassar esse limite e que, depois de atingirem uma altura impressionante, servem hoje como exemplo de uma trágica queda. Perante tudo isto, importa ouvirmos, também hoje, a velha máxima: conhece-te a ti mesmo!
Este texto é um prova evidente de como os nossos alunos beneficiam com o estudo do Latim. De facto, graças a uma aposta educativa que não esquece os grandes valores da Antiguidade, os nossos alunos podem beber diretamente nas fontes que formaram a nossa bela civilização europeia! O Latim, o Grego, toda a Cultura clássica são contributos insubstituíveis para nos conhecermos a nós mesmos, no mais íntimo da nossa alma e no mais profundo da nossa cultura.
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