Hoje mostro mais três trabalhos dos alunos do 12.º ano. O desafio era levar os temas discutidos ao longo do ano na disciplina de Ética às pessoas à nossa volta: pais, amigos, colegas...
Aqui fica a entrevista do Leonardo Marques ao pai dele, sobre Amizade.
Aqui o conto criado pela Catarina Cristóvão e o Pedro Picoito, do 12.º A:
Dean, um lobo rebelde
Catarina Cristóvão e Pedro Picoito (12.º A)
Era uma vez uma alcateia. Uma grande alcateia, da qual faziam parte muitos lobos. Desta acrópole de lobos havia um particular que se destacava: Dean. Dean era o filho adolescente do líder da alcateia e já era conhecido por todos como um rebelde. Dean tinha o hábito de questionar e criticar tudo e todos, e, sabendo disso, muitos pais não queriam que os filhos se dessem com ele. Ainda assim, o pequeno lobo tinha um grupo unido de amigos: a Clotilde, o Belismundo e o Bonifácio.
- “Estou farto de cumprir as regras desta estúpida alcateia!” - desabafou Dean uma noite na clareira com os seus amigos. – “São injustas e não servem para nada! Faço o que quiser”.
- “Não é bem assim, Dean…” – apontou Clotilde. – “Só estamos vivos porque cumprimos as regras. A alcateia só sobrevive porque temos estas regras que nos ajudam a ter tudo em ordem. Se calhar se não tivéssemos regras, ainda tinhas de trabalhar mais e não tinhas tanto…”
- “Lá isso é verdade… Eu nunca tentei fugir daqui porque aqui tenho proteção e segurança, tenho sempre algo com que contar. Lá fora, estou por minha conta… Mas já não estou com paciência para fazer o que outros mandam! E agora já sou crescido, consigo-me desenrascar fora da alcateia sem ajudas.”
Belismundo sabia que Dean estava só a falar e que não iria fugir dali. Então tentou assustar um pouco Dean, para ver se punha fim àquela conversa:
- “Pois, mas aqui na alcateia temos de nos submeter a estas regras.” – disse-lhe Belismundo, num tom de voz seco e autoritário. – “Se não concordas com as leis desta alcateia, tens de arranjar outra. Ou então cumpres as regras daqui. Não cumprir é que não pode ser, assim a alcateia não funciona bem.”
Dean rapidamente se irritou e Belismundo começava a tremer. Ao dizer aquilo achava que ia dissuadir Dean de fugir, mas o efeito foi exatamente o oposto. Os afiados dentes de Dean ficaram imediatamente de fora e os seus olhos eram agora vermelhos.
- “Então, pronto! Talvez seja melhor sair desta alcateia, que não me serve.” – disse Dean. – “Não gosto destas regras e não as vou cumprir!”
Dean estava decidido a fugir da alcateia. Sem sequer dizer uma última palavra aos amigos, começou a andar lentamente para fora da clareira, voltando as costas ao grupo de amigos. Vendo isto, Bonifácio tentou, uma terceira vez, convencer Dean a ficar com eles.
- “Dean, não faças isso… Isso seria um mau exemplo para os outros lobos na alcateia. Já pensaste o que é que podia acontecer se agora todos os lobos recusassem as nossas regras? Ou se fugissem todos?”
Dean riu-se das perguntas de Bonifácio.
- “Todos os lobos sabem que não devem seguir o meu exemplo: «O que o Dean fizer, façam o contrário», é o que todos os pais dizem.” – respondeu-lhe Dean ainda com um riso muito forçado.
Como viu que não tinha tido grande resultado, Bonifácio tentou mais uma vez:
- “Seria um desgosto para o teu pai se tu fugisses, Dean! Mais do que isso: estarias a pôr-nos em risco. O chefe vai pensar que nós te apoiámos e vamos ser expulsos da alcateia.” – Bonifácio agora fingia que estava a chorar, talvez assim Dean ficasse com eles na alcateia.
Dean parou e uivou ferozmente, ainda de costas para os amigos:
- “Mesmo que fique cá, não me vou submeter a estas regras estúpidas. Eu não concordo com elas. Se ficar, também serei um mau exemplo dentro da alcateia. O melhor é mesmo fugir.”
No entanto, Dean continuou parado no mesmo sítio. Fez-se um longo silêncio, que só acabou quando Dean expirou com força e se virou para trás. Ficou a olhar fixamente para cada um dos amigos. Naquele momento passavam-lhe várias coisas pela cabeça. Não estaria ele a exagerar? Cumprir regras às vezes é chato, mas na verdade traziam-lhe vários benefícios. As regras organizavam a alcateia, e Dean também não queria uma alcateia fora de ordem. Ele de facto conseguia sobreviver fora da alcateia sozinho, mas o que é que ganhava com isso? Os seus amigos e família estavam naquela alcateia e lá dentro ele estava protegido, as preocupações não eram tantas. E Belismundo tinha razão: se queria fazer parte daquela vida de alcateia, tinha de cumprir com as suas regras.
Pela primeira vez nalgum tempo, as regras da alcateia não lhe pareciam tão más. Mas Dean estava na dúvida. O que é que deveria fazer?
E finalmente, não deixem de ver o site que a Clara Fortunato, a Madalena Videira e a Inês Canas fizeram sobre alguns dos tiranos da actualidade:
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