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Foto do escritormarcoshelena

Esta aula consiste sobretudo na resolução de todos os exercícios da Caixa de Pandora – Aula 3, pelo que poderás querer voltar a consultar essa lição aqui.

Mais partes do corpo

A observação da legenda do Discóbolo deve ter-te permitido identificar as seguintes partes do corpo:

A soma de todos aqueles números

Em primeiro lugar, deixo-vos a chave do exercício de associação entre o numeral grego e a palavra portuguesa etimologicamente relacionada. Depois, seguem as soluções do exercício sobre as frases do Evangelho.




(A) – (6) / (B) – (3) / (C) – (4) / (D) – (5) / (E) – (2) / (F) – (1)


Quem investigou a origem das palavras “hecatombe” e “quilograma” deve, certamente, ter chegado à conclusão que ἑκατόν quer dizer “cem” e χίλιοι significa “mil”. Aí têm os múltiplos de dez em grego!


Quem é quem?

O exercício sobre o presente do verbo “ser” era muito fácil. A correção é a seguinte:

(A) – (6) / (B) – (2) / (C) – (5) / (D) – (1) / (E) – (4) / (F) – (3)

Espero que tenham reconhecido muitas palavras gregas nas frases do Evangelho. Algumas já tinham sido estudadas nas aulas anteriores, outras eram evidentes. Vamos recapitular esse vocabulário.


Sugiro que vás sempre fazendo tabelas parecidas para cada nova aula. Assim, podes construir um pequeno vocabulário de consulta rápida para realizar os exercícios, ao mesmo tempo que descobres a origem grega de muitas palavras portuguesas.

Na Aula 2.1 aprendeste que o espírito rude em grego se transformou em h- inicial em português. Contudo, repara que há palavras que em grego têm esse espírito rude, mas que em latim têm um s- inicial, que se preservou em português.

ξ (grego) > sex (latim) > seis (português)

λας (grego) > sal (latim) > sal (português)


O tropário da ressurreição

A comparação do texto grego com a sua tradução portuguesa sugere algumas conclusões. Percebemos imediatamente que há uma oposição, ao longo de todo o texto, entre vida/morte e vivos/mortos. Quais são as palavras gregas para estes conceitos?


Durante esta semana, vou ainda disponibilizar mais exercícios de revisão e outras curiosidades sobre os temas que temos andado a estudar.

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Durante esta Semana do Latim, não são só os professores que têm algo a dizer! Neste post, partilho uma excelente iniciativa de um aluno do 9.º para celebrar esta hebdomada latinitatis. O que vão ler prova como a Antiguidade nunca deixa de interpelar os mais jovens, por mais séculos que os separem dela. As grandes questões sobre o homem e a vida, tão presentes nos textos clássicos, continuam a encontrar um lugar de predileção nos corações dos nossos alunos!


O Bernardo Vieira de Matos (9.º C) oferece-nos esta reflexão sobre o estudo em aula do mito de Dédalo e Ícaro:


«O mito de Dédalo cativou-me especialmente, pois mostra o desejo dos clássicos de alcançarem o conhecimento. É como se agregassem todo o conhecimento que pretendiam obter e o acumulassem numa personagem fictícia a que dão o nome de Dédalo, envolvendo-o depois nesta tão grandiosa e complexa mitologia. Exemplo disto é o desejo que tinham de conseguir voar, atribuindo então a habilidade de conseguir construir asas a Dédalo, que as usa depois para sair do Labirinto, que ele mesmo construiu, demonstrando também as suas habilidades na arquitetura.

No entanto, e isto é o que me deslumbra mais, os clássicos não se esquecem de que ninguém é perfeito. Assim, criam esta personagem com grande conhecimento técnico, mas não se esquecem de lhe atribuir falhas; exemplo disso é a inveja que a todos cega, levando Dédalo a matar o seu sobrinho com inveja das suas habilidades, sendo depois castigado por isso (temos também a perceção de que o mal é sempre punido).


Esta ideia de que nada atinge a perfeição está também presente nos próprios deuses, que são criados à imagem do homem com todos os seus defeitos, como vimos no estudo da Ilíada. Este é um dos aspetos que mais me espantam não só neste mito, mas em toda a mitologia greco-romana.»


As mãos dizem tudo... Para cima? Para baixo?

Mais uma vez, conhece-te a ti mesmo!


Sem dúvida que o Bernardo tem razão ao referir a grande acuidade com que os Antigos reconheciam as grandezas e as limitações da natureza humana. Mas a história clássica também nos fornece abundantes exemplos de homens que quiseram ultrapassar esse limite e que, depois de atingirem uma altura impressionante, servem hoje como exemplo de uma trágica queda. Perante tudo isto, importa ouvirmos, também hoje, a velha máxima: conhece-te a ti mesmo!


Este texto é um prova evidente de como os nossos alunos beneficiam com o estudo do Latim. De facto, graças a uma aposta educativa que não esquece os grandes valores da Antiguidade, os nossos alunos podem beber diretamente nas fontes que formaram a nossa bela civilização europeia! O Latim, o Grego, toda a Cultura clássica são contributos insubstituíveis para nos conhecermos a nós mesmos, no mais íntimo da nossa alma e no mais profundo da nossa cultura.



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Segundo a tradição, a cidade de Roma foi fundada no dia 21 de abril de 753 a.C. por Rómulo. Por isso, durante esta última semana, os Professores de Latim dinamizaram várias atividades para comemorar a efeméride. Entre outras iniciativas, escolheram um conjunto de palavras em Latim que constituem conceitos importantes para a civilização romana. Muitas outras havia que poderiam ter sido escolhidas. Por exemplo, um professor italiano escolheu dez palavras latinas que, segundo ele, «contam o nosso mundo». A lista do Prof. Nicola Gardini é a seguinte:


ars / signum / modus / stilus / volvo /

memoria / virtus / claritas / spiritus / rete


É, sem dúvida, uma escolha curiosa e justificável, ao mesmo tempo. Contudo, os Professores de Latim fizeram também a sua escolha e optaram por outras palavras, talvez mais calorosas. Ficam aqui cinco dessas palavras, que conheceram um destino notável no português. Há também algumas notas de gramáticas para os nossos pequenos latinistas!


Virtus, virtutis


Significa “virtude”, “coragem”, “excelência”. É um nome feminino da 3.ª declinação que advém do nome vir (“homem”). Claro está, para os romanos, a virtude prende-se, em larga medida, com a excelência no campo de batalha, sendo uma virtude viril, por assim dizer. Contudo, com a evolução semântica para um sentido mais moralizante, também podemos dizer das mulheres que são virtuosas!



Ille virtutem laboris docere ausus est.

“Aquele atreveu-se a ensinar a virtude do trabalho.”


Gratus animus est una virtus non solum maxima,

sed etiam mater virtutum ommium reliquarum.

“Um grande coração não é só uma grande virtude,

mas é também a mãe de todas as outras virtudes.”

Cor, cordis


Significa “coração”, “inteligência”, “espírito”. É um nome neutro da 3.ª declinação. Os Antigos acreditavam que o coração era a sede da inteligência e dos sentimentos. Assim, os verbos “concordar” e “discordar” significavam, originalmente, reunir ou separar os corações (entendimentos), tal como o verbo “recordar” (“saber de cor”) significava trazer de novo ao coração.



Cor ad cor loquitur.

“O coração fala ao coração.”


Gloria, gloriae


Significa “glória”, “fama”. É um nome feminino da 1.ª declinação. Para os romanos, a glória ganha-se no campo de batalha, mas também pela ascensão na escala social. No contexto cristão, a glória é a manifestação de Deus em todo o seu esplendor. Por exemplo, durante a sua Transfiguração no Monte Tabor, Jesus Cristo manifesta a sua glória aos três discípulos.



Gloria in excelsis Deo

“Glória a Deus nas alturas”


Gloria bonorum librorum antiquorum poetarum semper manebit.

“A glória dos bons livros dos antigos poetas sempre permanecerá.”


Otium, otii


Significa “ócio” (lazer) e o seu antónimo é negotium. É um nome neutro da 2.ª declinação. Aqui está uma palavra que não perdeu o seu encanto ao longo dos tempos! Mas atenção: os romanos também tinham o conceito de "otium cum dignitate", ou seja, um lazer que era utilizado para a elevação do espírito, através da leitura e do estudo! A diferença entre este ócio e a culpável preguiça está bem patente nas citações mais abaixo. O mosaico representa os sete sábios da Grécia, porque filosofar não é, sem dúvida, uma atividade ociosa!



Otium sine litteris mors est.

“O ócio sem literatura é morte.”


Otium et reges prius et beatas perdidit urbes.

“Outrora, o ócio levou à ruína quer reis quer cidades ricas.”


Felix, felicis


Significa “feliz”. Este adjetivo significava originalmente "abundante" e referia-se aos campos agrícolas produtivos e ricos. É fácil imaginar a cara de contentamento do agricultor face a uma boa colheita. Claramente, no mosaico, quem está feliz é o comensal e não o peixe!



Felix qui potuit rerum cognoscere causas.

“Feliz aquele que pôde conhecer as causas das coisas.”


Felix qui nihil debet.

“Feliz é aquele que nada deve.”


Como se vê, tal como Roma não se construiu num dia, as palavras da sua língua também evoluíram de significado ao longo dos tempos. Mas os sentidos antigos permanecem, de alguma maneira, na sua significação atual. Ao sabermos latim, as palavras da nossa língua ganham constantemente novas camadas de sentido, antigas e novas. O latim mostra-nos uma realidade mais rica, mais subtil, mais polissémica. Porque, como se lê no Evangelho, o sábio tira coisas novas e velhas do seu tesouro!

Mais São Tomás
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